domingo, 7 de dezembro de 2008

O CÂNCER CAMPEÃO

Ele começou pequenino, demonstrando falhas, submetendo-se à suposta superioridade das outras células. Um tumor desacreditado que não tinha grandes aspirações e, com um tratamento quimioterápico, via suas chances de sobrevivência esvaindo-se como água em uma correnteza. Em uma última operação - tendo como mentor o médico Muricy Ramalho, o melhor do Brasil -, o elemento cancerígeno via-se a treze pontos de um sonho, tornar-se grande por natureza, vingador por necessidade, campeão por acaso.

Aquele torcedor que, juntamente com o tumor, estava desacreditado, ressurgiu das cinzas como reza a lenda da Phoenix. Magistral, colossal, imperial, o tumor resistiu aos treze pontos, emplacou uma série inacreditável de vitórias e chegou ao final do tratamento médico como o favorito. Das células que o enfrentaram, apenas uma mantinha-se viva, uma junção forte e persistente de glóbulos azuis, brancos e negros.

Em uma última rodada emocionante, o tumor precisava apenas de suas forças que, a esta altura, estavam aflorando pela pele. Os sintomas cancerígenos apareciam cada vez mais, a comissão médica tentava conter a forte expectativa, mas as células mortas já não eram tão fortes, o corpo que resistiu durante trinta e sete rodadas, nessa última, não conseguia se manter em pé.

A noventa minutos de um feito inédito; um tri-campeonato consecutivo, o sexto título do maior time do Brasil, o tumor estava esperançoso, ora por sua capacidade de regeneração, ora por sua qualidade de infecção. Diferentemente dos outros campeonatos, onde o São Paulo Futebol Clube era um tumor maligno que, por sua superioridade técnica, emplacava pontos e mais pontos de distância dos seus concorrentes. No Brasileirão 2008, o tumor benigno que, até então, não assombrava ninguém, tornou-se do tamanho de uma bola não muito diferente da de futebol, com 38 gomos, uma circunferência redonda e um destino; o GOOOOOOOOLLLLLLLLLLL!

O tricolor paulista venceu o Goiás, se tornando o maior tumor dos pontos corridos. Aquele que corrói os tecidos e, não contente, afeta o sistema neurológico e, por fim, culmina na morte da resistência imunológica. Reza o ditado que para morrer basta estar vivo. No campeonato brasileiro a história não é diferente, uma vez que, para ser campeão basta ser SÃO PAULO.

PARABÉNS Ó TRICOLOR! CLUBE BEM AMADO. AS TUAS GLÓRIAS VÊM DO PASSADO!

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